[segunda-feira, novembro 15, 2004]
Tormento
Enquanto escrevo isso, meu apartamento age como se estivesse em meio a um terremoto japonês. O lustre está tremulando e a cama quase anda sozinha. Espero que aquilo não seja uma rachadura...
Tendo ido deitar às quatro da manhã, esperançosa de um feriado decente em que eu pudesse colocar meu sono em dia, acordei cedo, para a pior das manhãs (e tardes por que ainda não terminou) que se pode ter. Não satisfeitos em jogar boliche de madrugada, arrastar os móveis do quarto durante as madrugadas, dar festas estúpidas durante a madrugada e durante o dia continuarem com seus barulhos no mínimo originais, resolveram os meus vizinhos, em pleno feriado prolongado, que era hora de destruir o piso de casa com uma britadeira. Todo mundo tem vizinhos ruins, eu sei, já tive outros, mas estes conseguem reunir em si todas as características deploráveis que 3 (sim, eu acho que são três) seres humanos (?) conseguiriam ter em uma só conjunção astral. Falta de educação, hábitos absurdos, peso excessivo aliado à necessidade incompreensível de usar saltos de plataforma durante a madrugada (já entenderam que eles gostam de madrugadas...), péssima dinâmica familiar, tocando em miúdos, quando eles resolvem ter uma briguinha, significa que todo o prédio será testemunha de uma cena tão memorável, não que eu absolutamente deseje lembrar, que merecia figurar no horário nobre da Globo...continuando a lista, gosto por reuniões sociais que incluem amigos do mesmo porte ( é lá vem garrafa de cerveja voando a sua janela), tendência a esquecer que os recursos naturais, em especial a água, devem ser usados com sabedoria ( já está pela décima vez que temos que ligar avisando que eles deixaram o chuveiro ou as torneiras abertas. Não por bondade, mas por que meu prédio é ruim o suficiente para que a água troque de andar. Ele é uma espécie de Bob Esponja gigante, permeável a todo tipo de coisas inadequadas. Ao barulho principalmente.) e uma série de outros comportamentos bizarros que me fazem pensar se eles não são de algum culto estranho que se reúne nas madrugadas para fazer coisas que a minha imaginação não alcança. Em suma, três irmãos com adolescência tardia, pais condescendentes e, claro, dinheiro em excesso. E enquanto eu tento organizar minhas idéias com o sono que me abate e pensar o que é possível se fazer num dia de feriado com tantos decibéis por perto, analiso que pela superfície corporal de meus obesos vizinhos, não deve ser muito difícil acertá-los a distância.
Por que não me dá um snipper de natal, mamãe?
por Evergreen * 3:12 PM
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