[quinta-feira, outubro 21, 2004]
Senti apenas que não sentia nada e esse é o pior sentimento de se ter.
Talvez eu possa ser chamada de masoquista, mas eu gosto de sentir as coisas. Mesmo que elas sejam ruins. Não há nada que me dê mais nos nervos que a neutralidade emocional. Se bem que isso já chega a ser um paradoxo, pois se dá nos nervos, pelo menos não deve ser tão neutro assim. Talvez uma analogia ajude. Imagine o enterro daquela tia velha que você nunca chegou a conhecer. Daí você é convidado a dar àquela boa senhora - supõe-se pelo menos isso da coitada, mas já que você não a conheceu mesmo, seria injusto dizer o contrário - um último adeus, antes mesmo que tenha tido chance de lhe dar sequer um "olá", ou um formal "prazer em conhecer". Você se aproxima do caixão e troca algumas palavras educadas, mas nada sentimentais com alguns parentes que quiçá você também nunca tenha chegado a ver na vida. Daí você pensa (sim, eu tenho espírito de porco para isso): Que programa de índio! A verdade tem que ser dita, e infelizmente, ou felizmente, dependendo do seu ponto de vista sobre essa minha questão, você não consegue sentir absolutamente nada. Zero. Porcaria nenhuma. Nem alívio por se livrar de uma tia chata e rabugenta, nem tampouco tristeza, saudade ou desespero. Mas daí que se passam algumas horas e você já é um estranho naquele ambiente. Algumas pessoas choram de um lado, outras lamentam, outras puxam qualquer assunto que possa amenizar os sentimentos daqueles que se supõe que deveriam ali estar por sentir alguma coisa, nem que fosse pena. É aí que surge a pulga atrás da orelha, essa coisinha que dá nos nervos, algo que lhe diz que você deve estar muito errado, por que dentro de sua neutralidade completa, algo de imprescindível falta. Algo que você perderá para sempre e que lhe fará por algum tempo realmente lamentar não ter conhecido aquela tia e não poder minimamente compartilhar do clima presente: a oportunidade de ter vivido o momento. Em suma, naquele instante você é apenas um expectador imparcial de algo que você próprio experimenta. Parece doido? Sim, mas esperem que tento chegar a algum lugar com isso. E juro por Deus que nenhuma tia minha morreu recentemente, pelo menos que eu saiba. Então isso nada tem a ver com tias e velórios. Mas tem a ver com perdas e finais, embora eu de nenhuma maneira esteja tentada a explicar o que seja. E nesse ponto eu afirmo categoricamente: sorte de quem sofre. Por que mais vale sofrer pra caralho do que sentar na frente do pc e escrever um texto semicômico sobre algo que não tem a menor graça. Antes estar do lado dos que se descabelam, ou mesmo dos que dão pulos de alegria. Por que quem se descabela sabe o valor do que foi perdido e embora sofra, nunca esquecerá. Aquele que se descabela é, afinal, um privilegiado. Ou simplesmente por que aquele que sente pode dizer que está vivo, e nisso aponto pelo menos um pouco de tristeza em mim, a de não poder dizer o mesmo. E que isso possa servir de consolo a todos aqueles que se sentem mal pra caralho, por qualquer motivo que seja, pois qualquer se sentir mal ainda é melhor que não sentir nada. E que tudo que é zen vá para os quintos dos infernos com essa minha afirmação. Queria conseguir nesse momento dar o devido valor que esse assunto tem, não fazer piada com nada ou pelo menos discorrer sobre isso de uma forma mais "apropriada". Isso é algo em que eu realmente acredito, uma espécie de código de honra pessoal, coisa que realmente me empurra na direção de algum sentimento muito profundo, mas que por hora, não alcanço. Infelizmente, esse nada acabou por me tomar e eu certamente o trocaria pelo velho e palpável sentimento de desolação, ou qualquer outro forte o suficiente para fazer jus e dar sentido aquilo que é minha vida hoje. Senão de que tudo valeria?
por Evergreen * 1:59 AM
[domingo, outubro 17, 2004]
Ressurrection Posutu
Ressurreição existe e acabo de prová-la. Creio apenas que não serei capaz de fazer uma ressurreição em massa, já que os leitores disso aqui devem ter se enchido há muito tempo e paciência é algo que não se revive com tanta facilidade. Mas, antes de qualquer coisa, ao mais importante:
Comme, mais uma vez obrigada pelo presente, que vem a ser este template com "os meninos de cabelos cacheados". Pronto, já tá aqui "butado", como eu tinha prometido. ^________^ Me livraste daquele rosa horrendo que embotava minha capacidade de raciocinar o que é motivo para grande alegria! Além de ganhar presente! Mim adorar presente! (Ataque de regressão.)
Vejam que alterei alguns detalhes no meu perfil. Isso aí do lado era pra ser a "minha ficha" de personagem. Não, não é uma ficha de um personagem meu, é a minha ficha (ou parte dela), entenderam? Se existe por aí até a ficha do Chupa-cabra e do Papai Noel, por que não pode ter uma ficha da Alendil? Enfim, é tudo em homenagem ao RPG, mas quero avisar que não aceito discordâncias sobre os valores dos meus atributos, exceto que seja para cima. E ainda continuo a afirmar que detesto regras, embora não me importe de explicar o que tem aí do lado. Moral da história: Rules sucks, Yaoi ruleia.
Bem, esse post aqui foi só pra reinaugurar a casa. Aconteceu tanta coisa...mas a preguiça que sinto de escrever no momento é proporcional à quantidade delas. Mas também me perdoem, né? Pelo menos alguma coisa eu fiz.
por Evergreen * 10:34 PM
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